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JARDIM DE VALORES - um lugar onde virtudes florescem através das HISTÓRIA

O superpoder da gratidão

No Colégio ninguém era mais querida do que a professora Alícia. Com sua risada fácil e olhos que sempre brilhavam, ela ensinava português e matemática e ensinava, às crianças, também, a ver a vida com o coração.

A manhã ensolarada e o cheiro de pão de queijo tomava conta da escola. As crianças corriam pelo corredor, mas foi na sala da professora Alícia que a aventura realmente começou.

— Bom dia, pessoal! — disse Alícia, ajeitando os cartazes na lousa. — Hoje tenho um segredo pra contar.

As crianças se entreolharam, curiosas.

— Oba, segredo! — exclamou Augusto, já pegando seu caderno.

— Não é todo dia que isso acontece — cochichou Sayuri, com seus olhinhos  puxados!

— Preparem-se: a missão de hoje é… descobrir o maior superpoder do mundo! — anunciou Alícia, balançando as mãos no ar como se fosse uma heroína moderna.

Sayuri deu uma risadinha, Leandro arregalou os olhos, Carina mordeu a pontinha da borracha e Augusto quase caiu da cadeira.

— Superpoder? Qual? — quis saber Leandro.

— O poder da gratidão. E, para completar, faremos uma surpresa para Mães usando esse superpoder!

As crianças franziram o cenho.

— Gratidão parece nome de perfume da minha avó — cochichou Leandro.

— Ou de um remédio — completou Augusto.

Alícia sorriu.

— Imagina se a gratidão fosse uma mochila invisível que todos carregam. Quando você agradece, coloca presentes dentro dela, para você e para os outros. Alguém gostaria de experimentar esse superpoder hoje?

Todos levantaram a mão.

Lá fora a rotina no Colégio parecia a mesma: lanche compartilhado, roda de leitura, risadas e pequenas confusões. Mas, cada um dos quatro tinha um motivo especial para pensar nas mães e o quanto eram gratos a elas.

— Minha mãe faz o melhor yakisoba do mundo, mas diz que receita boa é segredo de família— comentou Sayuri, desenhando uma tigela fumegante.

— Eu vivo bagunçando meu quarto e, ainda assim, minha mãe me chama de ‘seu campeão’ — disse Leandro, rindo.

— Mamãe fica triste quando chego tarde, mas sempre está lá, sorrindo — disse Carina, baixinho.

— Minha mãe me ajuda com as contas de matemática e me deixa ser curioso, mas nunca reclama quando pergunto demais — acrescentou Augusto.

Nesse clima de confidências, Alícia lançou a missão:

— Vocês vão fazer um presente especial de gratidão para suas mães. Só que não é algo pra comprar, hein! Tem que ser criado com o coração.

— Mas… como fazer um presente com gratidão? — perguntou Augusto.

— Com um ingrediente mágico: lembranças.

Nesse momento a campainha tocou e a diretora entrou, com um cartaz chamativo: “Concurso Surpresa para as Mães”. O prêmio: um café da manhã especial para todas as mães da turma vencedora.

As crianças ficaram empolgadas, mas Leandro logo caiu na real:

— Mas nossa turma nunca ganha nada… Sempre dizemos que vamos fazer, mas algo dá errado.

Alícia encarou cada um com doçura:

— Nada está perdido! A gratidão vai ser nosso diferencial. Pensem: quem dá o melhor presente é quem coloca mais coração nisso.

O desafio foi lançado! Eles tinham cinco dias para criar um presente coletivo que representasse gratidão — algo que pudesse ser entendido por todas as mães, mesmo quem não era tão boa de ler, como a avó de Leandro, ou quem falava pouco português, como a mãe da Sayuri.

— E se a gente escrevesse cartas? — sugeriu Carina

— Ou  pode ser música! — propôs Leandro.

— Mas eu sou desafinada igual buzina de carro — respondeu Sayuri.

Alícia parou, pensando. Puxou da prateleira um quebra-cabeça colorido.

— Já pensaram que a gratidão é como um quebra-cabeça? Cada pedaço é uma lembrança, mas se juntarmos vira uma história só!

No mesmo instante, os quatro entenderam: vamos criar um mural dos pedaços de gratidão!

O grupo começou a trabalhar. Para cada dia, uma tarefa: coletar lembranças, desenhar, escrever, pintar, compor.

Logo vieram os problemas: Leandro esqueceu os desenhos em casa.

Sayuri brigou com a mãe e sentiu vergonha de agradecer. Carina ficou envergonhada com sua letra torta. Augusto não conseguia resumir em poucas palavras tanta coisa para agradecer.

Alícia percebendo o clima, sentou com eles no pátio, sob as árvores.

— Sabem quando tentamos montar um quebra-cabeça e as peças parecem não encaixar? Às vezes, precisamos olhar de outro ângulo. Gratidão não precisa ser perfeita, só precisa ser verdadeira.

As crianças começaram a rir, contando trapalhadas e histórias engraçadas. Leandro lembrou quando colocou açúcar no arroz por engano e, mesmo assim, a mãe comeu sorrindo. Sayuri contou sobre o dia em que fez um cartão com corações tortos, mas sua mãe disse que nunca ganhou nada tão bonito. Não demorou e todos estavam rindo e se sentindo melhor.

Na manhã seguinte, cada um trouxe algo importante:

Leandro, um desenho dele e da mãe pulando na poça de chuva.

Sayuri, um minipoema: “Gratidão é abraço que não acaba”.

Carina, uma foto antiga dela com a mãe e avó, colada em papel colorido.

Augusto, um origami em forma de estrela, com “Obrigado, mãe” em várias línguas.

Juntos, montaram um mural gigante, cada peça representando uma forma de gratidão.

Quando tudo parecia pronto, Augusto levantou a dúvida:

— E se nenhuma mãe entender nosso mural? E se acharem… bobo?

Um silêncio pesou. Carina falou baixinho:

— Gratidão não tem número certo de “curtidas”. É pra sentir, não mostrar.

Mas ainda assim as dúvidas persistiram. Alícia então contou uma história de quando era criança e tinha medo de que seus cartões pra mãe fossem feios. Mas, anos depois, a mãe dela mostrou todos os cartões guardados, um a um.

— Não era o papel, eram as lembranças. E esse é o segredo da gratidão: ela volta pra gente, maior do que saiu.

No grande dia, o mural foi montado no salão da escola. Mães, avós, tias e famílias começaram a chegar. Nervosos, os quatro sentiram um frio na barriga. Um raio de sol iluminou o mural justo onde estava o desenho de Leandro. Ele quase chorou.

A turma rival chegou com presentes sofisticados: caixas brilhantes, lembrancinhas personalizadas, até um vídeo editado profissionalmente.

Os quatro ficaram desanimados. Augusto queria sumir.

— Nosso mural vai parecer bobo mesmo… — ele lamentou.

— Não se preocupa, Augusto, o que importa é o que colocamos nele — disse Carina.

Alícia chamou todos:

— Crianças, quem quer explicar o mural da nossa turma?

Todos olharam uns para os outros. Por fim, Augusto respirou fundo e, trêmulo, começou:

— Esse mural… somos nós. Cada pedaço é um agradecimento verdadeiro. Às vezes, a gente esquece de dizer obrigado, mas hoje queremos que todas as mães saibam: cada dia com vocês é uma peça bonita na nossa vida.

Logo, os outros completaram, cada um dizendo uma pequena frase de coração.

No salão, algumas mães choraram, outras sorriram, todas bateram palmas. Uma senhora abraçou Sayuri e disse, com dificuldade no português:

— Entendi te quero, filha.

O mural virou atração. Quem olhava, encontrava uma lembrança que parecia sua. A diretora, emocionada, anunciou:

— O prêmio vai para a turma da professora Alícia,  por lembrar que o melhor presente para uma mãe é saber que seu amor constrói lembranças inesquecíveis.

Os quatro amigos nunca mais esqueceram do que era gratidão. Não precisavam de datas especiais para agradecer; diariamente, passaram a notar os pequenos gestos, como o bilhete na lancheira, o beijo de boa-noite, a risada depois do banho. Leandro começou a agradecer de verdade, Carina fez mais desenhos para sua mãe, Sayuri perdeu o medo de mostrar seus sentimentos, Augusto passou a criar “estrelas de gratidão” em origami para todas as pessoas queridas.

E Alícia, a professora que começou tudo, sabia que o superpoder da gratidão tinha mesmo contagiado a todos.

Atividades Sugeridas

8 anos: Desenho da Gratidão: Cada criança deve desenhar a lembrança mais feliz com sua mãe ou cuidadora, explicando em poucas palavras porque é grata por esse momento.

9 anos: Bilhete Secreto: Escrever um bilhetinho de agradecimento para a mãe/figura materna e escondê-lo em um lugar especial (na bolsa, no travesseiro etc.), para que ela encontre como uma surpresa.

10 anos: Caixa das Memórias: Montar uma pequena caixa (feito com material reciclável) e colocar dentro objetos pequenos ou papéis escritos com momentos em que a mãe ajudou, cuidou ou fez algo especial, explicando o sentimento de gratidão para cada objeto.

11 anos:Árvore da Gratidão: Fazer um desenho de árvore em papel e, nas folhas, escrever palavras ou frases que representem os diferentes motivos de gratidão por sua mãe. Depois, apresentar para a família.

12 anos: História Compartilhada: Escrever (ou gravar em áudio ou vídeo) uma breve história contando um desafio que passou e como a mãe ajudou a superar, refletindo sobre a importância da gratidão nesses momentos. Pode ser apresentada em sala ou compartilhada com a família.

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A árvore da sabedoria

Veja as atividades no final da história

Era segunda-feira quando a Professora Alícia anunciou um projeto especial para a turma. Com seu sorriso acolhedor, ela explicou:

— Crianças, nossa horta escolar foi abandonada durante as férias. Agora temos a chance de revitalizá-la! Cada grupo ficará responsável por uma parte. No final do semestre, celebraremos com uma festa da colheita.

Os olhos de Augusto brilharam. Ele ergueu a mão imediatamente:

— Professora, eu quero ser o líder do meu grupo! Vamos fazer a melhor horta! —

A professora sorriu.

— Formaremos os grupos hoje, e cada um terá uma semana para apresentar seu plano de trabalho.

Leandro, em seu canto habitual, observava tudo com interesse, enquanto Sayuri já fazia anotações em seu caderno. Carina levantou a mão.

— Podemos decorar a horta também? Eu poderia fazer placas coloridas para cada planta!

Os grupos foram formados, e para surpresa geral, a Professora Alícia colocou Augusto, Leandro, Sayuri e Carina juntos.

— Vocês cuidarão da parte central da horta, onde plantaremos uma árvore frutífera que será o coração do nosso projeto.

Ao se reunirem para planejar, os problemas logo começaram.

— Vamos plantar agora mesmo! Tenho umas sementes em casa, — disse Augusto, já pensando em cavar o buraco no dia seguinte.

— Mas nem sabemos qual árvore plantar, — respondeu Sayuri.

— Qualquer uma serve! O importante é ser os primeiros a começar, — insistiu Augusto.

Carina já estava desenhando placas decorativas, ignorando a discussão.

— Acho que deveríamos pesquisar primeiro, — disse Leandro com voz baixa, quase inaudível.

— O quê? Fala mais alto, Leandro, — reclamou Augusto. — De qualquer forma, não precisamos perder tempo com pesquisas. Vamos agir!

No dia seguinte, Augusto chegou à escola com uma pequena muda de árvore.

— Peguei no jardim do meu vizinho! Ele nem vai notar, — disse orgulhoso.

Sayuri olhou preocupada.

— Isso não é certo, Augusto. Você pegou sem permissão.

— É só uma mudinha, ele tem várias! — defendeu-se Augusto.

Leandro, que havia permanecido quieto, finalmente falou:

— Meu avô sempre diz que o respeito pelo que é dos outros é o começo da sabedoria.

— Sabedoria? Estamos falando de uma planta, Leandro, — rebateu Augusto, impaciente.

Durante o intervalo, Professora Alícia notou a tensão no grupo e os chamou para uma conversa.

— Como está o planejamento da horta? —

Cada um começou a falar ao mesmo tempo, exceto Leandro. A professora ergueu a mão pedindo silêncio.

— Vejo que estão tendo dificuldades para trabalhar juntos. Sabem, há um versículo muito especial que diz: ‘O temor do Senhor é o princípio da sabedoria’. Vocês sabem o que isso significa?

Houve um silêncio. Foi Sayuri quem timidamente respondeu:

— É sobre respeitar a Deus?

— Sim, Sayuri. E quando respeitamos a Deus, respeitamos também suas leis, seus ensinamentos, e isso inclui respeitar as pessoas, a natureza e tudo que foi criado, — explicou a professora. — Quando agimos com esse respeito, começamos a agir com sabedoria.

— Mas o que isso tem a ver com nossa horta? — perguntou Augusto, confuso.

A professora sorriu gentilmente.

— Tudo. Vocês precisam tomar decisões sábias sobre essa árvore. Ela vai crescer, dar frutos, abrigar pássaros. Uma decisão apressada pode não dar bons resultados a longo prazo. A sabedoria nos ensina a pensar além do momento presente.

Depois da conversa com a professora, o grupo decidiu se reunir na biblioteca da escola. Por sugestão de Sayuri, começaram a pesquisar sobre árvores frutíferas.

— Esta aqui cresce rápido, mas precisa de muito espaço, — mostrou Leandro em um livro de jardinagem.

— Esta outra dá frutos o ano todo, mas precisa de sombra parcial, –observou Sayuri.

Augusto estava impaciente, mas tentava prestar atenção. Carina continuava mais interessada em desenhar, até que Leandro sugeriu:

— Carina, você poderia desenhar cada árvore que estamos considerando? Isso ajudaria a visualizar nosso projeto.

O rosto de Carina iluminou-se com a ideia.

Quando chegou o dia de apresentar o plano para a classe, Augusto estava nervoso. Ele queria tanto ser o primeiro, ser o melhor, mas não tinham uma árvore plantada ainda, só um projeto no papel.

— E se os outros grupos já tiverem começado? Vamos parecer atrasados, — reclamou.

Foi então que viram Pedro, de outro grupo, carregando uma muda de planta que parecia estar morrendo.

— O que aconteceu? — perguntou Sayuri.

— Plantamos sem pesquisar — explicou Pedro, desanimado.

Naquele momento, Augusto compreendeu o valor da abordagem mais cautelosa do seu grupo.

Na apresentação, cada grupo mostrou seu plano. Para surpresa de Augusto, seu grupo recebeu elogios especiais da Professora Alícia.

— Este grupo demonstrou verdadeira sabedoria, — disse ela. — Eles não se apressaram, pesquisaram, consideraram o ambiente, as necessidades da planta e até como ela beneficiará nossa escola no futuro.

Leandro, geralmente tímido, explicou para a classe:

— Escolhemos uma jabuticabeira. Ela pode parecer lenta para crescer, mas viverá por décadas, dará frutos várias vezes ao ano e não precisará de replantio constante.

Sayuri complementou:

— Ela também atrairá pássaros e abelhas, ajudando todo o ecossistema da horta.

Carina mostrou seus desenhos detalhados de como a árvore ficaria em diferentes estágios de crescimento, e Augusto explicou o plano de cuidados.

— Aprendi que às vezes precisamos ser pacientes para colher os melhores frutos, — disse ele, com um novo entendimento.

No dia do plantio, a Professora Alícia reuniu todos ao redor do buraco preparado para a jabuticabeira.

— Esta será nossa Árvore da Sabedoria, — declarou. — Ela nos lembrará sempre que decisões sábias, baseadas no respeito e no conhecimento, podem dar frutos por muitos anos.

Enquanto colocavam a pequena muda na terra, Leandro sussurrou para seus amigos:

— Meu avô sempre diz que sabedoria é como uma árvore: precisa de raízes profundas e tempo para crescer.

Augusto, que antes queria apenas resultados rápidos, agora entendia. Ele olhou para a pequena muda e sorriu:

— E um dia, quando estivermos grandes, voltaremos aqui e veremos o quanto ela cresceu.

A Professora Alícia observava o grupo com orgulho. Eles haviam plantado uma árvore e também haviam plantado as sementes da sabedoria em seus corações.

ATIVIDADES

Para 8 anos: Diário da Árvore da Sabedoria

Material: Caderno pequeno, lápis de cor, adesivos.

Peça à criança para criar um diário de observação onde ela registrará o crescimento de uma planta ou árvore durante um mês. A cada dia, ela deve desenhar ou escrever algo que observou sobre a planta e uma “lição de sabedoria” que aprendeu naquele dia.

Para 9 anos: Provérbios Ilustrados

Material: Cartolina, canetinhas, lápis de cor.

Apresente cinco provérbios ou ditados populares sobre sabedoria, adequados à idade. Peça à criança que escolha seu favorito e crie uma ilustração que represente seu significado. Depois, peça que explique por que escolheu aquele provérbio e como poderia aplicá-lo em sua vida.

Para 10 anos: Jogo das Decisões Sábias

Material: Cartas feitas com papel cartão

Crie 10-15 cartas com diferentes situações do cotidiano infantil que exigem uma decisão. EX: “Você encontrou um brinquedo que não é seu no pátio da escola”; “Um colega pede para copiar sua lição de casa”.

Em pequenos grupos, as crianças devem discutir qual seria a decisão mais sábia para cada situação e justificar sua escolha.

Para 11 anos: Projeto Mini-Horta da Sabedoria

Material: Vasos pequenos ou garrafas PET cortadas, terra, sementes variadas, etiquetas.

Cada criança plantará três sementes diferentes e pesquisará sobre os cuidados necessários para cada planta. Na etiqueta de cada vaso, além do nome da planta, deverá escrever uma qualidade da sabedoria (como paciência, observação, cuidado). Durante algumas semanas, registrará o crescimento e relacionará com a qualidade escolhida.

Para 12 anos: Conselho de Sábios

Material: Papel, caneta, fantasias simples (opcional)

Organize os alunos em um “conselho de sábios” que deverá resolver três problemas apresentados (relacionados à escola, família ou comunidade). Cada “sábio” assume um papel (historiador, cientista, artista, etc.) e deve contribuir com sua perspectiva. O grupo precisa chegar a uma solução consensual que demonstre sabedoria. Ao final, apresentam suas conclusões e o processo de tomada de decisão.

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A escolha de Augusto

Provérbios 1.8-10

Era uma tarde ensolarada de outono quando a professora Alícia reuniu seus alunos no pátio da escola. As folhas douradas dançavam com a brisa enquanto as crianças se sentavam em círculo sobre a grama macia.

– Hoje vamos falar sobre escolhas, – anunciou a professora Alícia com seu sorriso acolhedor. – Nossas escolhas são como sementes que plantamos no jardim da nossa vida. Algumas crescem e dão lindas flores, outras podem se transformar em ervas daninhas.

Augusto com seus olhos curiosos, prestava a maior atenção. Mas ultimamente ele andava um pouco inquieto. Na semana anterior, alguns meninos mais velhos da escola o convidaram para participar de uma “aventura especial” durante o intervalo de amanhã – pular o muro dos fundos para explorar o terreno abandonado vizinho.

– Vai ser demais, – disseram eles. – Só os corajosos conseguem fazer isso.

Enquanto a professora falava, Augusto pensava naquele convite tentador. Seria sua chance de provar que era corajoso. A professora Alícia continuou:

– Imaginem que nossa mente é como um smartphone. Os aplicativos que escolhemos baixar e usar todos os dias mudam completamente como o celular funciona, não é?

As crianças balançaram a cabeça, entendendo a comparação.

– Se baixamos jogos legais e aplicativos educativos, nosso celular se torna uma ferramenta incrível. Mas se baixamos vírus ou aplicativos perigosos…

– Ele fica muito lento,– respondeu Sayuri, ajeitando seus cabelos pretos.

– Exatamente, –  concordou a professora. – É como nossos pensamentos e escolhas. Eles programam quem somos e quem nos tornamos.

Depois da aula, os quatro amigos caminhavam juntos pelo corredor.

– O que vocês acham de explorar aquele terreno abandonado? – Augusto finalmente perguntou, tentando soar casual.

Carina, que sempre dizia o que pensava, franziu a testa. – Aquele com o portão enferrujado? Minha mãe disse que é perigoso, tem pregos enferrujados e pedaços de vidro por todo lado.

– E não podemos sair da escola durante o intervalo,– lembrou Leandro – Seria como desinstalar o aplicativo de segurança do celular que a professora mencionou.

Augusto sentiu um conflito interno crescendo. Parte dele queria impressionar os meninos mais velhos, mas outra parte lembrava das palavras de seus pais toda manhã antes de sair para a escola:

– Faça boas escolhas hoje, filho.

Naquela noite Augusto teve um sonho, viu-se em uma encruzilhada. Um caminho brilhava com uma luz suave e acolhedora, enquanto o outro parecia empolgante e aventureiro, mas estava coberto por uma névoa que impedia ver onde terminava.

No dia seguinte, quando os meninos mais velhos o encontraram no corredor, Augusto respirou fundo.

– Então, você vem com a gente? – perguntaram com sorrisos desafiadores.

– Não posso, – respondeu Augusto, surpreendendo a si mesmo com sua firmeza. – Obrigado pelo convite, mas escolhi ficar na escola.

Os meninos zombaram dele antes de se afastarem, mas em vez de tristeza, Augusto sentiu um estranho alívio.

Durante o intervalo, enquanto brincava com seus amigos, ouviram um alvoroço. Os meninos que haviam tentado pular o muro foram pegos e um deles havia torcido o tornozelo ao cair.

Depois da aula, a professora Alícia chamou Augusto para uma conversa.

– Soube que você foi convidado para aquela aventura hoje,–  ela disse gentilmente.

Augusto arregalou os olhos. – Como a senhora sabe?

Ela sorriu.

– Outros alunos me contaram, preocupados. – Fiquei orgulhosa ao saber que você escolheu não ir.

– Foi difícil dizer não, – admitiu Augusto. – Eu queria parecer corajoso.

– Sabe, Augusto, – disse a professora Alícia, – coragem verdadeira não é fazer coisas perigosas para impressionar os outros. É ter força para fazer o que é certo, mesmo quando é difícil. É como aquele provérbio que diz: “meu filho se os maus tentarem seduzi-lo, não ceda!”

Augusto sorriu, pensando em como essa frase fazia ainda mais sentido agora.

– Nossas escolhas são como um colar,– continuou a professora, apontando para o colar de pedras coloridas que usava. – Cada decisão é uma conta. Algumas são brilhantes e lindas, outras podem ser escuras ou arranhadas. Mas juntas, elas formam quem somos.

Naquela tarde, enquanto voltava para casa com seus amigos, Augusto contou aos outros sobre sua conversa com a professora:

– Sabe, às vezes acho que fazer a coisa certa é chato, – confessou ele.

– É como videogame, – explicou Leandro,– O caminho mais fácil não te dá pontos de experiência suficientes para subir de nível!

Todos riram.

– E lembram do que minha avó sempre diz? –  acrescentou Sayuri. – Escolhas são como ecos, elas sempre voltam para nós.

– Sim! exclamou Carina. – Como aquela vez que escolhi dividir meu lanche com Miguel quando ele esqueceu o dele. Depois, quando eu esqueci meu material de arte, ele me emprestou tudo!

Quando Augusto chegou em casa, contou aos pais sobre seu dia e as escolhas que havia feito.

– Estou orgulhoso de você, filho,– disse seu pai, colocando a mão em seu ombro.

– Você está construindo um lindo colar de escolhas,– acrescentou sua mãe com um sorriso carinhoso.

Naquela noite, antes de dormir, Augusto imaginou seu próprio colar invisível, brilhando com cada boa escolha que fazia. Pensou nas palavras que seus pais sempre repetiam – aquelas mesmas que a professora Alícia havia ensinado de outra forma. Agora ele entendia que não eram apenas regras, mas um mapa para uma vida feliz e significativa.

E enquanto adormecia, sonhou com novos dias e novas escolhas – não as mais fáceis ou mais empolgantes, mas as que fariam seu coração se sentir leve como as folhas douradas dançando no pátio da escola.

Atividades Relacionadas à História “A Escolha de Augusto”.

O Colar das Boas Escolhas

Materiais necessários

  • Fio ou cordão para colar
  • Contas coloridas (podem ser de plástico, madeira ou até mesmo feitas de massa de modelar)
  • Etiquetas ou pequenos pedaços de papel
  • Canetas coloridas

Como fazer

Cada criança recebe um cordão e várias contas. Durante uma semana, cada vez que a criança fizer uma boa escolha, ela pode adicionar uma conta ao seu colar.

Em pequenas etiquetas, as crianças podem escrever qual foi a boa escolha e guardar em uma caixinha especial.

No final da semana, todos compartilham seus colares e algumas das escolhas que fizeram.

Reflexão Assim como na história, Augusto fez sua escolha, cada conta representa uma escolha que forma quem somos.

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#16 A BAILARINA

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