Provérbios 1.8-10

Era uma tarde ensolarada de outono quando a professora Alícia reuniu seus alunos no pátio da escola. As folhas douradas dançavam com a brisa enquanto as crianças se sentavam em círculo sobre a grama macia.
– Hoje vamos falar sobre escolhas, – anunciou a professora Alícia com seu sorriso acolhedor. – Nossas escolhas são como sementes que plantamos no jardim da nossa vida. Algumas crescem e dão lindas flores, outras podem se transformar em ervas daninhas.
Augusto com seus olhos curiosos, prestava a maior atenção. Mas ultimamente ele andava um pouco inquieto. Na semana anterior, alguns meninos mais velhos da escola o convidaram para participar de uma “aventura especial” durante o intervalo de amanhã – pular o muro dos fundos para explorar o terreno abandonado vizinho.
– Vai ser demais, – disseram eles. – Só os corajosos conseguem fazer isso.
Enquanto a professora falava, Augusto pensava naquele convite tentador. Seria sua chance de provar que era corajoso. A professora Alícia continuou:
– Imaginem que nossa mente é como um smartphone. Os aplicativos que escolhemos baixar e usar todos os dias mudam completamente como o celular funciona, não é?
As crianças balançaram a cabeça, entendendo a comparação.
– Se baixamos jogos legais e aplicativos educativos, nosso celular se torna uma ferramenta incrível. Mas se baixamos vírus ou aplicativos perigosos…
– Ele fica muito lento,– respondeu Sayuri, ajeitando seus cabelos pretos.
– Exatamente, – concordou a professora. – É como nossos pensamentos e escolhas. Eles programam quem somos e quem nos tornamos.
Depois da aula, os quatro amigos caminhavam juntos pelo corredor.
– O que vocês acham de explorar aquele terreno abandonado? – Augusto finalmente perguntou, tentando soar casual.
Carina, que sempre dizia o que pensava, franziu a testa. – Aquele com o portão enferrujado? Minha mãe disse que é perigoso, tem pregos enferrujados e pedaços de vidro por todo lado.
– E não podemos sair da escola durante o intervalo,– lembrou Leandro – Seria como desinstalar o aplicativo de segurança do celular que a professora mencionou.
Augusto sentiu um conflito interno crescendo. Parte dele queria impressionar os meninos mais velhos, mas outra parte lembrava das palavras de seus pais toda manhã antes de sair para a escola:
– Faça boas escolhas hoje, filho.
Naquela noite Augusto teve um sonho, viu-se em uma encruzilhada. Um caminho brilhava com uma luz suave e acolhedora, enquanto o outro parecia empolgante e aventureiro, mas estava coberto por uma névoa que impedia ver onde terminava.
No dia seguinte, quando os meninos mais velhos o encontraram no corredor, Augusto respirou fundo.
– Então, você vem com a gente? – perguntaram com sorrisos desafiadores.
– Não posso, – respondeu Augusto, surpreendendo a si mesmo com sua firmeza. – Obrigado pelo convite, mas escolhi ficar na escola.
Os meninos zombaram dele antes de se afastarem, mas em vez de tristeza, Augusto sentiu um estranho alívio.
Durante o intervalo, enquanto brincava com seus amigos, ouviram um alvoroço. Os meninos que haviam tentado pular o muro foram pegos e um deles havia torcido o tornozelo ao cair.
Depois da aula, a professora Alícia chamou Augusto para uma conversa.
– Soube que você foi convidado para aquela aventura hoje,– ela disse gentilmente.
Augusto arregalou os olhos. – Como a senhora sabe?
Ela sorriu.
– Outros alunos me contaram, preocupados. – Fiquei orgulhosa ao saber que você escolheu não ir.
– Foi difícil dizer não, – admitiu Augusto. – Eu queria parecer corajoso.
– Sabe, Augusto, – disse a professora Alícia, – coragem verdadeira não é fazer coisas perigosas para impressionar os outros. É ter força para fazer o que é certo, mesmo quando é difícil. É como aquele provérbio que diz: “meu filho se os maus tentarem seduzi-lo, não ceda!”
Augusto sorriu, pensando em como essa frase fazia ainda mais sentido agora.
– Nossas escolhas são como um colar,– continuou a professora, apontando para o colar de pedras coloridas que usava. – Cada decisão é uma conta. Algumas são brilhantes e lindas, outras podem ser escuras ou arranhadas. Mas juntas, elas formam quem somos.
Naquela tarde, enquanto voltava para casa com seus amigos, Augusto contou aos outros sobre sua conversa com a professora:
– Sabe, às vezes acho que fazer a coisa certa é chato, – confessou ele.
– É como videogame, – explicou Leandro,– O caminho mais fácil não te dá pontos de experiência suficientes para subir de nível!
Todos riram.
– E lembram do que minha avó sempre diz? – acrescentou Sayuri. – Escolhas são como ecos, elas sempre voltam para nós.
– Sim! exclamou Carina. – Como aquela vez que escolhi dividir meu lanche com Miguel quando ele esqueceu o dele. Depois, quando eu esqueci meu material de arte, ele me emprestou tudo!
Quando Augusto chegou em casa, contou aos pais sobre seu dia e as escolhas que havia feito.
– Estou orgulhoso de você, filho,– disse seu pai, colocando a mão em seu ombro.
– Você está construindo um lindo colar de escolhas,– acrescentou sua mãe com um sorriso carinhoso.
Naquela noite, antes de dormir, Augusto imaginou seu próprio colar invisível, brilhando com cada boa escolha que fazia. Pensou nas palavras que seus pais sempre repetiam – aquelas mesmas que a professora Alícia havia ensinado de outra forma. Agora ele entendia que não eram apenas regras, mas um mapa para uma vida feliz e significativa.
E enquanto adormecia, sonhou com novos dias e novas escolhas – não as mais fáceis ou mais empolgantes, mas as que fariam seu coração se sentir leve como as folhas douradas dançando no pátio da escola.
Atividades Relacionadas à História “A Escolha de Augusto”.

O Colar das Boas Escolhas
Materiais necessários
- Fio ou cordão para colar
- Contas coloridas (podem ser de plástico, madeira ou até mesmo feitas de massa de modelar)
- Etiquetas ou pequenos pedaços de papel
- Canetas coloridas
Como fazer
Cada criança recebe um cordão e várias contas. Durante uma semana, cada vez que a criança fizer uma boa escolha, ela pode adicionar uma conta ao seu colar.
Em pequenas etiquetas, as crianças podem escrever qual foi a boa escolha e guardar em uma caixinha especial.
No final da semana, todos compartilham seus colares e algumas das escolhas que fizeram.
Reflexão Assim como na história, Augusto fez sua escolha, cada conta representa uma escolha que forma quem somos.